A "Jurisprudência da desculpa" criada por Moro pra defender os aliados


Por vezes o Brasil desafia a lógica e a inteligência das pessoas. Aliás, é possível desconfiar da não existência da sociedade brasileira. Para isso, basta lembrar dos passos anteriores ao convite de Jair Bolsonaro a Sérgio Moro, para que se tornasse o futuro ministro da Justiça da República Nazibananeira do Brasil.

Passo um, Moro se torna o juiz justiceiro da Lava Jato, ao ser o investigador, fazendo interrogatórios, o que seria o papel da Polícia Federal ou da Polícia Civil, e ao mesmo tempo, sendo o acusador e o inquisidor. No segundo ato, encarcera grande parte dos maiores empresários do país e até do mundo, como no caso da Odebrecht, paralisando obras, empresas e o país, nesse caminho, a operação encarcera José Dirceu, o principal estrategista do PT e da esquerda. O terceiro ato cria um inferno midiático, para que Dilma fosse deposta, vazando gravações ilegais da presidência da República com um ministro Chefe da Casa Civil e ex-presidente da República, o Lula. Inviabilizado economicamente, politicamente encurralado e judicialmente açoitado, o governo do PT cai.

O quarto ato é responsável pela prisão de alguns ratos tidos como importantes no país, como Eduardo Cunha, um pateta que achou que ao liderar o impeachment seria eximido ou perdoado de seus crimes.

Já o quinto momento de Sérgio Moro inaugura uma nova e importante fase, a hora da limpeza. Lula lidera as corridas presidenciais mesmo tendo sido açoitado vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana na Rede Globo e no resto da mídia. O super-herói dos idiotas, o conduz coercitivamente de forma ilegal e começa a fazer com que o ex-presidente retome a sua popularidade. O juiz, então, após sofrer fortes derrotas em sua imagem, tendo sua reprovação ultrapassando a de Lula, em pesquisas de opinião, parte agora a condenação e os paus-mandados do TRF-4 encarceram o líder petista, líder nas intenções de voto.

O sexto ato correu quase que concomitantemente com o quinto e se configurou com a libertação de todos os empresários, tanto que não há sequer um que ainda esteja preso. Palocci é mantido preso e como trunfo, sua delação aguardava o momento mais oportuno.

No sétimo ato, a eleição fazem com que o ex-presidente Lula cresça e se torne o principal personagem da política nacional, chegando a 39%, aproximadamente 49% dos votos válidos, encaminhando a vitória no primeiro turno. Foi quando o quinto ato fez seu pior efeito, mesmo com liminar concedida pela ONU, em favor do ex-presidente. Então, o TSE cai na armadilha da história e de seu próprio ódio elitista, tirando o principal líder das pesquisas, em favor de Moro, da corrida eleitoral, sobrando Bolsonaro na liderança sozinho.

O oitavo ato foi uma tentativa de tiro de misericórdia. Suponhamos que o vice de Bolsonaro tenha razão quando disse que a campanha procurou o juiz de Curitiba antes do primeiro turno. Se isso ocorreu, a liberação da delação premiada de Palocci, mesmo não contendo nada de interessante, veio de forma combinada e corroborou para a rememoração dos piores momentos da Lava Jato. Em conjunto com o suposto caixa dois que aplicou mais de 12 milhões de reais em impulsionamentos e mensagens de Fake News, por parte de empresas como a Havan, o cenário estava criado para que Bolsonaro continuasse seu voo até a vitória em primeiro turno.

Nono ato, após ajudar Bolsonaro a se tornar o presidente eleito, Moro é recompensado, sendo nomeado Ministro da Justiça do novo governo. Para piorar, o juiz aceita e se torna o comandante da AGU, Polícia Federal e outros órgãos. Agora, o super-juiz ao se tornar político e ter eleito seu compadre de posição política, está a frente do aparelho repressor do estado, completando o ciclo de destruição da democracia brasileira.

Então, após ser indagado, em sua primeira entrevista como futuro ministro de Bolsonaro, sobre seu companheiro de governo e Ministro Chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, por ter confessado ser corrupto e praticado crime de caixa dois, respondeu: “Ele pediu desculpa.”

Note que toda trajetória até chegar no pedido de desculpa de Onyx, nos levaria a crer no estapafúrdio. Então, era só o PT ter feito autocrítica e Lula ter pedido perdão que ele estava em liberdade? Aliás, isso se estenderia, por jurisprudência, a Zé Dirceu e Delúbio. Parece ridículo, mas, Moro agiu dessa maneira com os empresário que fizeram a delação premiada, pediram desculpa, falaram qualquer coisa e fora soltos com seus patrimônios preservados. Portanto, é realmente ridículo mas, é real, a Lava Jato criou a jurisprudência da desculpa e o STF referendou, ao arquivar o processo de caixa dois de Onyx. Agora, se for contra a esquerda, vale tudo, tudo mesmo, basta pedir desculpas.

Fábio Rios - Estudou Ciência da Computação, Engenharia Metalúrgica na UFF, Engenheiro de Software, Desenvolvedor, Programador, Hacketivista e Estudante de História na UniRio.
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