Somos o que falamos e/ou fazemos!

Nesses tempos inglórios, em uma sociedade onde ninguém assume coisa alguma, onde  ninguém jamais confessa nada, venho, de forma até mesmo atrevida, levantar, ou mesmo afirmar, somos o que falamos e fazemos! Sempre há um bom pretexto, uma narrativa mirabolante a justificar qualquer coisa, por mais estranha e inverossímil que possa parecer. 

Estamos em um momento onde inventam-se álibis, desculpas esfarrapadas e os mais diversos discursos para escapar de suas próprias falsidades e mentiras. E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, são aceitas,de forma, a meu ver, assustadora. São ate mesmo apoiadas e incentivadas.  A maior prova disso são os caminhos que nossa eleição tomou. Ao contrário das nações que desenvolveram sociedades avançadas, fundadas em padrões morais onde prevalece a verdade, nossas instituições  foram estabelecidas em função da mentira. Como chegamos a esse nível de  hipocrisia coletiva?

Como a verdade deve ser sempre provada e comprovada, ela passou a ser vista como exceção, não como regra. Em nossa linda cidade, Ilheus,tão descuidada, assim como no Brasil, a mentira de nossos gestores, por exemplo, é aceita como um hábito, enraizada e incorporada pela própria sociedade que deveria combate-la. 

Somos ou não somos uma sociedade e um Estado democrático de direito? Não é crime o perjúrio em qualquer sociedade dita digna e democrática? Meu espanto a cada dia que leio postagens e depoimentos de nossas autoridades, das mais diversas esferas de nossa nação, se transforma em um misto de revolta com perplexidade, com uma pitada de impotência. 

Agora, defende-se a mentira como se  defende um time, de forma irascíveis e passional. Legitima-se esse nefasto comportamento sem refletir sobre consequências que serão de todos nós, já que compomos a mesma sociedade. Lembro de Aristóteles que já dizia há séculos que as virtudes morais não são plantadas em nós pela natureza, mas são produto do hábito.  

Vou manter uma tênue esperança na humanidade, em nosso comportamento em sociedade. Que nosso discurso, o que falamos, não produza o meio propício à mentira, as “fakes news", aos politiqueiros incentivados pela própria sociedade que, se não reagir a essas condições, se não lutarmos por condições necessárias para que a verdade seja regra e não exceção, não adiantará reclamar de nossa própria falência social e moral.

Lucio Gusmão – Historiador; Professor de História, Filosofia e Ciência Política, com especialização em História Social, Econômica e Política do Brasil
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