Opinião: Comportamento de manada

Desde os princípios da humanidade, costumamos agir de acordo com as pessoas que nos cercam. A verdade, por exemplo, "não existe", ela é estipulada de acordo com o que a maioria concorda sobre determinado assunto. Assim como na época de Galileu, os monges determinariam se uma lei da física apresentada é real ou não, e então, como a maioria da população confiava na sabedoria dos monges, todos acreditavam no que era dito, nós também acreditamos no que é dito pela maioria da população e pela maioria das pessoas que nos cercam. Isso é o chamado comportamento de manada (ou efeito manada). 

Humanos costumam agir conforme um grande influenciador ou mesmo por um determinado grupo, sem que as decisões e pensamentos passem por uma reflexão individual, assim como animais agem em bando para caçar ou fugir de um predador. "Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante quando você não tem informação. Você vê que um está vazio e que outro tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe porque acredita que, se outros já escolheram, deve ter algum fundamento nisso", diz Fabrício Benevenuto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a atuação de usuários nas redes sociais. 

O efeito manada está muito presente nos nossos dias e é uma parte essencial do mercado financeiro, por exemplo. Se existe um cenário de incerteza e uma grande parcela dos investidores não tem informações o suficiente para tomar decisões, cada agente decide imitar as ações de outros, supostamente mais bem informados ou seguirão a grande maioria dos outros investidores. Geralmente seguimos o efeito manada inconscientemente, apenas em busca da aprovação de quem nos cerca, justamente por termos medo de sermos excluídos do nosso ciclo de amigos e/ou família e por acreditarmos que o que as outras pessoas dizem e fazem é o melhor a se seguir. O efeito manada, porém, não é 100% ruim, já que nos ajudou a distinguir animais peçonhentos de criaturas inofensivas, plantas venenosas de comestíveis, ou até mesmo amigos de inimigos.

O comportamento de manada não é algo do qual a pessoa pode se livrar por completo, já que ele já está entranhado em nossas veias, costumes, decisões corriqueiras e até mesmo em nossas roupas. A fórmula para diminuir o efeito "Maria vai com as outras" é nada mais nada menos que a autocrítica e o autoconhecimento. Não é atoa que esses dois elementos são altamente requisitados por quem procura emprego nos dias de hoje. 

O indivíduo deve ser capaz de analisar um cenário por si próprio e de reconhecer os seus valores de forma independente, tentando criar uma individualidade, item mais procurado por empresas no atual mercado de trabalho. É a partir disso que podemos criar um futuro mais criativo, crítico e melhor desenvolvido.

Guilherme Chéquer Luz Menezes é Estudante do Ensino Médio no Instituto Nossa Senhora da Piedade

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