Sorria, você está sendo enganado

É impossível não abordar esse tema, mas há dois anos e poucos meses,  em 31 de agosto de 2016, tiraram uma presidente legitimamente eleita alegando que ela havia praticado crime fiscal, o que posteriormente foi comprovado que não ocorreu. Colocaram em seu lugar um homem que afirmava que os governos populares e progressistas que administraram o país haviam quebrado financeiramente a nação, anunciando que o remédio seria amargo, mas que ele e sua equipe salvariam a pátria.

Contudo, em um dos seus últimos atos como presidente da República e futuro presidiário brasileiro, Michel Temer sancionou o reajuste salarial de 16% para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O problema é que esse reajuste ao já polpudo salário dos ministros do STF, contraria todo o discurso defendido por ele e por sua equipe de que o país está a beira da falência e que para isso não ocorrer é preciso aprovar políticas de austeridade que atingem, única e exclusivamente, a população mais pobre, propondo a reforma da previdência ou colocando em vigor nova lei trabalhista, que tirou direitos, arrochou salários e beneficiou somente o setor empresarial do país.

A partir de 2019, os ministros do STF passarão a receber R$ 39 mil, o que segundo estimativa feita pela consultoria da Câmara e do Senado Federal terá um impacto nas contas da União de R$1, 375 bilhões e de R$ 4 bilhões se incluir os estados e municípios, já que esse reajuste gera um "efeito cascata" nas carreiras do funcionalismo, com aumento automático para a magistratura e para integrantes do Ministério Público.

Em contrapartida, para iludir a população os ministros abririam mão do auxílio-moradia, uma imoralidade recebida por um magistrado que tem plenas condições de alugar o imóvel que quiser ou até comprar uma residência fixa no condomínio de luxo que ele bem entender.

O mais grave de tudo, é que se comparar o que significa o montante da despesa gerada pelo  reajuste em comparação ao auxílio-moradia, que é de R$ 450 milhões por ano, é como se fosse uma gota no oceano, ou seja, eles abrem mão de uma parcela menor, para receber a maior e quem paga a conta são os contribuintes.

Lembrando também que os salários dos servidores, os “meros mortais” digamos assim, como professores e polícias, estão congelados ou sofrendo atrasos na quase totalidade dos Estados da Federação, enquanto esse aumento dado ao STF vai refletir apenas nas categorias mais caras do serviço público.

O que, mais uma vez nos envergonha em saber que querem acabar com a previdência social de pessoas que vivem de salários mínimos, neste que é o maior programa de transferência de renda do País, para continuar com os privilégios de uma pequena parcela de cidadãos “iluminados”.

Magno Lavigne - Presidente da União Geral dos Trabalhadores no Estado da Bahia (UGT-BA)
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