O ex-procurador narra o episódio no livro de memórias que está lançando neste mês, sem nomear Mendes, mas confirmou sua identidade ao ser questionado pela reportagem em entrevista nesta quinta-feira. "Tenho uma dificuldade enorme de pronunciar o nome desta pessoa", disse.
Em maio de 2017, como procurador-geral, Janot pediu a suspeição Gilmar Mendes em casos do empresário Eike Batista, que se tornara alvo da Lava Jato e era defendido pelo escritório de advocacia do qual a mulher do ministro, Guiomar Feitosa Mendes, é sócia.
O ministro do STF reagiu na época levantando suspeitas sobre a atuação da filha do procurador, Letícia Ladeira Monteiro de Barros, que é advogada e representara a empreiteira OAS no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
"Num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha", diz Janot no livro. "Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não."
Na entrevista, ele disse que seu plano era matar Gilmar Mendes antes do início da sessão no plenário do STF. "Na antessala, onde eu o encontraria antes da sessão", afirmou. O ex-procurador disse que não entrou no plenário do tribunal armado.
Em entrevistas à revista Veja e ao jornal O Estado de São Paulo, Janot acrescentou que pretendia se suicidar depois de matar Gilmar Mendes.
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