Carlos Bolsonaro é o maior adversário para a aprovação da reforma da Previdência. A cada postagem, a cada tuitada, produz um voto contrário à PEC. Conseguiu reunir um número fabuloso de opositores. Seu estilo agressivo e de oposição ao Parlamento – sonha com o poder único e exclusivo do Executivo – gera reações contrárias que vão acabar inviabilizando atingir o quórum constitucional, ainda na votação da Câmara dos Deputados. A irresponsabilidade do garoto é estimulada pelo pai. Não é possível que depois de quase 5 meses de governo e de dezenas de situações constrangedoras, o vereador do Rio de Janeiro ainda seja considerado pelo pai como o seu guru nativo – o outro vive no estrangeiro, é o Jim Jones da Virgínia. Nunca na história do Brasil republicano um filho de Presidente teve tanto poder. É difícil entender as razões de um rapazola, irresponsável, com frágil formação profissional, que escreve como um recém alfabetizado, tenha alcançado tal influência sobre os negócios governamentais.
Agride ministros como se vivêssemos no absolutismo. Age sem a mínima responsabilidade. E o silêncio do pai transforma uma relação familiar complexa – que merece estudo detalhado de um bom psiquiatra – em assunto de Estado. A tragédia – ou ópera bufa? – é encenada de forma improvisada. E questões irrelevantes acabam ocupando enorme espaço na cena política, retirando o foco do que é relevante para o país iniciar a recuperação econômica.
Eduardo Bolsonaro é um caso à parte. Imagina que é especialista em política internacional. Nunca escreveu um simples artigo sobre o tema. Mal consegue identificar em um planisfério os continentes. No mandato anterior ignorou o tema. O máximo que fez foi faltar às sessões da Câmara dos Deputados para surfar na Austrália – e foi repreendido pelo pai. Desconhece a complexidade das nossas questões diplomáticas. Agiu, inicialmente, estimulado pelo Jim Jones da Virgínia, que serve fielmente aos interesses norte americanos. Nos últimos meses avançou no trabalho de descontruir a política externa brasileira. O que foi edificado em décadas pela Casa de Rio Branco, está sendo destruído. É uma ação planejada. E vem de fora. Dos Estados Unidos. Mais recentemente, o garoto passou a ter em Steve Bannon, ideólogo da extrema-direita yankee, seu principal referencial político. Foi designado representante da organização criada pelo extremista para a América do Sul. Ou seja, está à serviço de uma entidade estrangeira, de uma ideologia exótica, que coloca em risco a segurança nacional. Toda a sua ação “diplomática” é determinada por Bannon. Nada faz sem antes pedir a benção do ex-consultor de Donald Trump. O Itamaraty se transformou em instrumento de uma potência estrangeira. É inaceitável! E Ernesto Araújo assiste a tudo em silêncio, comportado, subserviente, e nada diz. Sabe que o poder de fato no Ministério das Relações Exteriores está com o “boy americano.”
Já Flávio Bolsonaro reapareceu no noticiário. Fez de tudo para ocultar suas relações ultraperigosas com Fabrício Queiroz. De nada adiantou. A casa está começando a cair. As transações imobiliárias são suspeitas. Dão a entender que houve lavagem de dinheiro, no mínimo. As investigações devem esclarecer os fatos. Contudo, é inegável que vai encontrar enorme dificuldade para explicar como comprou dois apartamentos por valores abaixo do mercado e os vendeu obtendo 300% de lucro. É um fenômeno imobiliário. Com esta eficiência poderia até, em caso de necessidade, substituir Paulo Guedes no Ministério da Economia. Não há nenhuma dúvida que tinha em Queiroz o seu homem de confiança – e durante mais de uma década. No seu gabinete, de acordo com as acusações do Ministério Público, havia um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo os funcionários. Tudo deverá ser esclarecido com a abertura dos sigilos bancários de mais de 90 pessoas.
Os três filhos acabaram se constituindo numa pequena família real bem ao estilo tupiniquim: deselegantes, ridículos, deslumbrados com o poder. Imaginam que o que estão gozando nos últimos meses deva durar para sempre – doce ilusão. Não conhecem Brasília. Na capital federal são vistos como personagens exóticos, destes que aportam no Planalto Central em momentos de crise eleitoral. Não sabem que logo serão ignorados.
Tudo poderia ficar na galhofa – tão típica do folclore político brasileiro – se o país não estivesse passando por uma grave crise econômica. A ação deletéria dos três patetas cria a todo momento uma situação de tensão. E os garotos mimados querem agora eliminar a ação moderadora dos militares. No governo tentam impedir – ou diminuir – os estragos causados pelos patetas. Não tem, infelizmente, obtido êxito. São vistos como inimigos pelos garotos. A próxima traquinagem será exigir do pai a demissão dos ministros militares. Se o Presidente aceitar poderá estar caminhando para o fim do seu governo. Aguardemos.
Marcos Vila - Historiador e palestrante em todo o Brasil
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