Agentes de trânsito do município de Ilhéus se negaram à circular a partir de hoje com as motocicletas padronizadas da Sutrans. A maioria teria deixado o local de trabalho agora a tarde por falta de condições de exercer a atividade. De acordo com denúncia do presidente do Sindicato dos Agentes de Trânsito, Controladores de Tráfego, Agentes de Transporte, Auxiliares, Pessoal de Apoio, Fiscais e Agentes de Zona Azul, do Serviço Público e Terceirizados da Bahia (Sindatran) todas as motos estão com o licenciamento vencido e a grande maioria com lacres rompidos e sem condições de trafegabilidade, a exemplo de pneus "carecas" e até falta de freio.
Valério Bomfim disse há ao Jornal Bahia Online que há uma semana vem tentando um acordo com o governo para regularizar a situação. Mas ainda não teve resposta. Algumas reuniões previamente marcadas, segundo Bomfim, foram canceladas minutos antes do horário previsto. "Como podemos ir para rua exigir rigor na fiscalização dos veículos e motorizados que circulam na cidade se nós mesmos estamos em situação ilegal?", questiona. "Posso te autuar pelo fato de seu carro estar com documento vencido se a moto que me transporta também está?", questionou.
Segundo Valério, dia 11 teve uma reunião do sindicato com a superintendência de trânsito mas nada foi resolvido até agora. "Temos 16 motos adquiridas com recursos de multas e eles alegam que vão recuperar as existentes. O ideal seria fazer um leilão das mesmas e comprar viaturas novas porque recursos existem na conta da superintendência, provenientes da arrecadação de multas", assegura. O sindicato informa que a fiscalização só retornará às ruas, quando houver um posicionamento oficial do governo e uma solução para o problema.
Ainda de acordo com Valério Bomfim, ano passado a Sutrans teria arrecadado quase seis milhões de reais com cobrança de multas e o pagamento do seguro DPVAT das viaturas que circulam na fiscalizaçao do trânsito não ultrapassa ao valor de 150 reais, já que se tratam de viaturas oficiais e contam com privilégios tributários.
A liderança sindical ainda informa que a "paralisação" também atende a uma outra luta da categoria. "A escala que a gente trabalha hoje, que é de 12 por 60 de descanso é ilegal e não está no Acordo Coletivo de Trabalho que o sindicato celebrou durante o governo do prefeito Newton Lima", explica. "Era para legalizar esta escala com um novo acordo que ainda não saiu. O governo não assinou ainda. E a proposta do sindicato é de 12 por 72 horas de descanso mas que não foi resolvida ainda", completa.
Segundo Valério Bomfim, caso haja esse novo acordo, os agentes retornarão. Mas à pé, até que as viaturas possam circular dentro da legalidade.
O outro lado - O superintendente Gilson Nascimento disse há pouco que todo governo tem os seus problemas e não é diferente com o de Ilhéus. "Confirmo a informação. Só esclareço que não são todas as motos", explica. "Por isso elas não estão rodando", completa. De acordo com Nascimento houve um atraso na manutenção, por conta de o orçamento da agora autarquia ter sido aprovado na Câmara somente na semana passada.
Mas segundo Gilson, a decisão dos agentes não justifica, já que a escala diz que quando ocorre algum problema com a viatura o agente pode trabalhar a pé. "Ele não está vinculado exclusivamente à moto", explica. Gilson também confirma que haveria uma reunião hoje e que a mesma foi desmarcada por conta de um compromisso médico seu, mas que ela ocorrerá ainda amanhã.
Gilson Nascimento assegura que irá manter o diálogo com os agentes.
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