Pesquisa revela que apenas 2% das escolas públicas de ensino médio têm desempenho bom
Um estudo sobre as escolas públicas de ensino médio que atendem alunos de baixa renda mostra um dado preocupante.
A escola estadual Lysia Pimentel Gomes fica em Sobral, no Ceará.
“A gente entra na escola na verdade por admiração. E a gente continua aqui por amor”, disse o estudante Phylipe Vitorino, de 17 anos.
O sentimento é parecido na escola estadual Professor Pedro Gomes, em Goiânia.
“Qualquer hora que você precisar de qualquer professor, ele vai estar a sua disposição”, contou Emilly Vitória Azevedo Vieira, de 15 anos.
As duas escolas públicas de ensino médio aparecem numa lista de apenas cem que se destacaram pelo bom desempenho, entre as cinco mil que atendem alunos em que a renda familiar é de até três salários mínimos.
Os pesquisadores da Fundação Lemann, do Interdisciplinaridade e Evidências do Debate Educacional (Iede) e do Instituto Unibanco adotaram três critérios para fazer a avaliação: notas do Enem, da Prova Brasil e a taxa de aprovação de cada uma das escolas.
“A ideia de um mapeamento como esse é pensar o que a gente pode fazer em termos de política pública para o ensino médio, quais são as escolas que estão conseguindo fazer bem o ensino médio e o que a gente pode aprender em relação a elas”, explicou Ernesto Faria, coordenador do estudo.
“Eu acredito que a escola tem um diferencial justamente porque ela não se preocupa somente em formar bons alunos, mas sim bons cidadãos”, disse o estudante João Pedro do Nascimento, de 14 anos.
“Eu tenho um ideal que eu quero chegar e meu sonho é curtir essa etapa”, contou o estudante Thiago de Souza Galiza, de 16 anos.
Das cem escolas de ensino médio com índices satisfatórios de aprendizado, 82% são de período integral. O Ceará é, disparado, o estado com mais representantes: 55.
“O segredo mesmo dos resultados positivos é o pertencimento de todos à escola. É o saber que cada um tem que fazer a sua parte”, afirmou Ana Emília Pinheiro, diretora da Escola Lysia Pimentel Gomes, no Ceará.
Pernambuco, Espírito Santo e Goiás também se destacam no estudo.
“A gente não tem problema de indisciplina, porque a gente enxerga o sofrimento do aluno, enxerga a realidade do aluno e traz ele para a gente”, disse Jhonny da Cunha, professor da escola Pedro Gomes, em Goiás.
Mas, mesmo nesses estados, os bons exemplos não conseguiram contagiar as redes de ensino médio. Segundo os pesquisadores, as boas práticas que o levantamento constatou são ainda casos isolados e dependem de professores e diretores capazes de fazer a diferença.
Isso fica evidente nos estados considerados mais ricos, como Rio, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, cada um com, no máximo, três escolas bem avaliadas.
Em uma escola em São Paulo, a falta de professores é comum.
“De geografia, de química também, que está faltando bastante, e português”, contou o estudante Vinicius Dos Santos, de 18 anos.
Com o apoio de professores, em Goiânia, Maria Clara de Oliveira Gomes, de 17 anos, descobriu o verdadeiro sonho.
“O que eu quero mesmo, meu sonho é ser professora”, disse.
Em Sobral, no Ceará, Letícia Fernandes, de 17 anos, é a primeira da família a chegar tão longe no ensino. Já coleciona troféus das Olimpíadas de Matemática e sente que tem o futuro nas mãos.




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